Diversão Feminina

sexta-feira, 5 de março de 2010

Tida como conduta tipicamente masculina, a masturbação também é muito praticada por mulheres com vida sexual ativa

Tente perguntar a uma mulher se ela se masturba, e oito em cada dez vão arregalar os olhos, fazer uma careta e dizer: “Lógico que não!”. E provavelmente uma dessas dez dará uma risadinha e a outra dirá que pratica, sim.

Diferentemente dos homens, que aprendem desde cedo a conviver livremente com impulsos sexuais, que devem valorizar o pênis e que não há problema em tocá-lo, as mulheres aprendem de forma repressora que “menina decente não faz essas coisas”. Isso é fruto de uma crença distorcida da sexualidade, a idéia de que a mulher tem de satisfazer o homem – e nunca o contrário. Muitos pais repreendem as meninas e dizem que qualquer “atividade” feita na área da calcinha é feia. O resultado: cerca de um terço das mulheres ainda apresenta algum tipo de barreira emocional para se entregar à masturbação e pouca vontade em receber o sexo ou demonstrar que goste da prática.

Desde a origem da palavra masturbação (vem do latim “manustrepare”, que significa “sujar as mãos” ou “prostituir”) percebe-se a enorme conotação negativa de tudo aquilo que, quase sempre, envolve sexo.


A vergonha que ronda as mulheres é extremamente por questões culturais. “A sociedade fez com que as mulheres falassem pouco sobre sexo, um dos fatores responsável pelo tabu na sexualidade feminina”, afirma Carla Zeglio, psicoterapeuta e educadora sexual do Instituto Paulista de Sexualidade. “Aprendemos que o sexo é diferente de prazer sexual. O que permeia a masturbação é a busca do prazer. Sexo está ainda intimamente ligado à possibilidade reprodutiva. Masturbação não é a possibilidade de reprodução. Portanto, não é estimulada pelas famílias no aprendizado das meninas e mulheres, que em algum momento acabam descobrindo e certamente praticando”, declara a especialista.

Para muitas pessoas, sexo só é sexo se houver penetração. Porém segundo dados da SBRAH (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana) cerca de 20% das mulheres sexualmente ativas não chegam ao clímax com a
penetração, mas apenas com estimulação clitoriana. Para essas mulheres, atingir o orgasmo durante a penetração é uma questão de técnica.

Entretanto, orgasmo é descoberta e aprendizado cuja lição se baseia em perceber onde e como a mulher sente mais prazer e assim estimular esses pontos (seios, barriga, virilha, pernas...). “O conhecimento é o que faz a diferença na vida sexual compartilhada. Quando uma mulher está em atividade sexual, saberá exatamente o que precisa para se excitar e ter uma atividade sexual com qualidade”, diz Carla Zeglio. Para a educadora as mulheres que se queixam por não chegarem ao orgasmo, são mulheres que nunca se tocam.

Afinal, é ou não é errado uma mulher se masturbar? Dúvidas comuns como a forma de se tocar, qual a freqüência que se deve seguir ou como se usa um vibrador, são dúvidas que pairam nas mentes femininas. Além disso, as mulheres não costumam se marturbar olhando fotos ou vídeos explícitos, a idéia e a sensação de se sentir desejada é muito mais importante do que uma pilha de revistas embaixo da cama ou um punhado de pixels na tela do computador.

O Consolo e os nossos "Dedinhos”

Estes, clássicos nunca morrem. Com um, com dois, com três, com quantos quiser a mulher pode massagear, inventar, descobrir.


As mulheres têm uma infinidade de zonas erógenas e o conceito de “cada uma é cada uma” serve para a masturbação também: sentada no bidê, de pé no chuveiro, usando o chuveirinho, deitada na banheira, na hidromassagem, na cama, ou quem sabe, em qualquer lugar. Sozinha ou acompanhada. Há milhões de possibilidades, até uma com que mulheres de coxas grossas que conseguem se marturbar apenas dobrando as pernas.

Objeto de desejo das mulheres, o brinquedinho (ou brinquedão!) comprado em sex-shops como uma leguminosa fálica, o vibrador têm inúmeras vantagens e um desempenho muito eficaz, por questões óbvias: é um objeto que vibra numa intensidade constante cujos movimentos a mulher pode controlar totalmente, de acordo com o próprio prazer. Além de apresentar total “tempo de duração” na diversão.

Mas , ao contrário do que muita gente imagina, o brinquedo não é feito especificamente para ser introduzido, ele é usado para estimular o clitóris por causa da vibração contínua. Dependendo da intensidade uma mulher pode chegar ao orgasmo em menos de dois minutinhos, e frequentemente a intensidade costuma ser mais intensa do que numa relação com um parceiro.

Principais Pontos


As mulheres em geral não gostam muito de “ajuda” na hora da masturbação, pelo mesmo motivo que os homens. A mulher conhece o seu corpo e sabe o que é bom. Aliás, as mulheres também querem virar para o lado e dormir depois de gozarem. Assim como o pênis, o clitóris fica extremamente sensível após o orgasmo.

Claro que alguns cuidados são essenciais como não introduzir objetos pontudos ou muito pequenos que possam se perder lá dentro. E sempre usar camisinha em objetos fálicos antes de qualquer contato com a vagina ,evitando bactérias que possam causar infecções ou transmitir doenças.

Quem quer sentir mais prazer na cama precisa perder a inibição de se masturbar. É a maneira mais fácil de conhecer o próprio corpo e descobrir áreas em que o toque pode fazer maravilhas. Mas a dica principal é lembrar que não existe receita nem um 'Guia da Sexualidade Humana' (o que é uma pena). O mais importante é se conhecer sem medo e buscar o prazer da forma mais saudável possível. Só não dá para trocar uma relação com uma pessoa de verdade por um pênis de borracha.



[Reportagem para Revista 'Preliminares' - revista laboratório desenvolvida pelos alunos do 4º semestre do curso de Comunicação Social - Jornalismo da UniSant'Anna, Novembro de 2009]

3 comentários:

Kaic O. disse...

caralho, paguei um pau! ficou muito bom o texto, bem escrito, legal de ler, o assunto é deveras interessante (xP) e o layout da revista ficou animal! parabéns, baby! =*

Drica Lima disse...

Nosa nossa hein.... otimo texto.... parabens....... ADOREIIIIII


BJO BJO

Ricardo disse...

Parabéns pela reportagem! Muito bem escrito e de um assunto interessante.

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