Entrevista aponta que alunos estão mais interessados nas aulas

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Alunos do Centro Universitário Sant'Anna mostram que são interessados e que não pertencem ao perfil do aluno que mata aula

Cena típica na terça-feira, dia 10 de março. Jovens do Centro Universitário Sant’Anna se reúnem para o intervalo na rua Voluntários da Pátria em Santana na grande São Paulo, em mais uma noite agitada.

A universidade que possui 9.650 alunos só no período noturno vem percebendo um pequeno problema, que não grave, mas muito comum cujos alunos ficam em bares próximos a universidade, retornando as aulas um pouco alterados para badernar. A situação vem sendo observada a algum tempo, pois muitos destes alunos chegam a um estado que é impossível manter em sala de aula. Para a professora de Introdução ao Jornalismo Claudia Costa, a situação é delicada porque atrapalha a aula, os outros alunos. Além de parecer perigoso manter alunos com entorpecentes e bebidas alcoólicas dentro da universidade.

Em contra ponto, em pequenas entrevistas concedidas pelos próprios alunos e comerciantes da região, mostraram que os alunos realmente frequentam os bares, mas a grande maioria só se encontra para conversar, e por que não, planejar o futuro.

A rua onde a faculdade é localizada reúne 25 bares, 20 barraquinhas e trailers, 2 lan houses e uma papelaria, disponibilizados em suma para os alunos. Os estabelecimentos correspondem ao fluxo, não só de alunos, mas também de funcionários, comerciantes e pessoas que utilizam a Rodoviária Tietê, a aproximadamente 200 metros da universidade. O comerciante Manuel, 52, que trabalha na Lanchonete dos Universitários mais conhecida como Pernambuko’s Bar é reduto de muitos alunos não só na hora do intervalo, mas também durante as aulas vagas e antes do começo das mesmas. Ele afirma que o produto mais vendido na lanchonete “são os salgados e lanches em geral e não cerveja”, ao contrário do que muita gente pensa. Questionado sobre a presença de drogas o comerciante se assusta e reponde: “Não, não nunca vi essas coisas por aqui não.” A lanchonete oferece cigarros e bebidas alcoólicas e nenhum estudante é barrado na compra desses produtos. Para Manuel o giro dos alunos é enorme de segunda a sexta-feira e muito mais visível à noite. “No período da manhã e tarde quem vem aqui é o pessoal que trabalha por perto”, diz. E insiste “Os alunos não são os únicos clientes, mas dão um bom movimento”.

Não é preciso ir muito longe para encontrar os alunos. Em 2 minutos após a liberação do intervalo o local ferve de gente e é comum ver as calçadas serem transformadas em extensão das lanchonetes. Maico, 25, André, 19, Anderson, 28 e Otavio, 21, alunos de Design Gráfico da universidade sempre se encontram na hora do intervalo e é unânime a afirmação: “Não matamos aula”. Alegam que só atrasam alguns minutinhos. Comprometidos com o curso utilizam os poucos minutos fora da sala de aula para a realização de projetos para o futuro da carreira. Os quatro ao redor de uma garrafa de cerveja e alguns copos dizem que aquilo é “só pra matar a sede” e que o que gastam nos bares e lanchonetes próximos a universidade é o valor de uma cerveja. “Isso quando dá, porque a garrafa foi resultado de uma vaquinha” diz Anderson que planeja montar seu próprio negócio em breve junto aos amigos da roda.

Thiago, 23, Natalia e Vanessa ambas com 19 anos estão no 5º semestre de Rádio e TV dão muita risada quando questionados do por que em matar aula. Dizem que aproveitam a aula vaga, a famosa “janela” para conversarem um pouco e quase não gastam na região. “Tem dia que não gastamos nada. A gente senta aqui [referindo-se a lanchonete] e não compra nada” alega Thiago. Ao ser questionado sobre a presença de drogas pelos locais frequentados, ele responde que nunca viu. Porém P., 21, que não quis dar seu nome, afirma: “Uma vez, ou outra vejo algum aluno fumando um [baseado de maconha], sinto o cheiro às vezes, mas é raro de ver por aqui”.

O intervalo de, aproximadamente 10 minutos chega ao fim e ainda é possível ver filas nas barraquinhas, alunos nas cadeiras e mesas das lanchonetes. Estes afirmam com um ar despreocupado: "Ah, estamas no último ano, estamos com a cabeça cheia. Depois dessa, vamos pra casa".

*[FOTO - Nilson Filho]

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